O 1º Seminário CancerThera: Transformando Pesquisa em Inovação, realizado no dia 20 de março de 2025, foi um importante encontro para a comunidade acadêmica e científica interessada na inovação na área da saúde. Organizado pelo Programa de Pós-graduação em Oncologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade de Campinas (Unicamp) em parceria com o CEPID CancerThera, o evento reuniu mais de 100 participantes, presencial e remotamente, consolidando-se como um espaço essencial para o debate sobre a gestão da qualidade em laboratórios, a pesquisa básica, a pesquisa clínica e o empreendedorismo nas universidades.
Para o Dr. Pedro Paulo Corbi, químico, professor do Instituto de Química da Unicamp, pesquisador principal e gerente de Inovação no CancerThera, a multidisciplinaridade do evento foi um diferencial: “O CancerThera é um projeto de natureza interdisciplinar que envolve diversas instituições. O seminário de inovação vem ao encontro da natureza do projeto, mostrando que as colaborações entre os diferentes profissionais serão fundamentais para que os objetivos em terapia e diagnóstico do câncer sejam alcançados”.
Com uma programação abrangente, contando com palestrantes reconhecidos como referências em suas respectivas áreas, o seminário foi transmitido ao vivo via YouTube, permitindo que um público ainda maior pudesse acompanhar as discussões e interagir com os especialistas palestrantes. “O evento superou nossas expectativas. O número de participantes presenciais e online foi muito significativo. E, além dos pós-graduandos, inúmeros professores também participaram, o que transformou a nossa ‘impressão’ em ‘opinião’ de que o tema – como promover inovação com boas práticas – é de interesse para acadêmicos em geral”, avalia a Dra. Carmen Silvia Passos Lima, hematologista, oncologista, professora da FCM/Unicamp, pesquisadora principal e coordenadora de Inovação no CancerThera.
Lima aposta que realizar eventos com discussões sobre o tema “inovação” é uma boa forma de ampliar a visão de quem faz pesquisa. “Acredito que nós, os pesquisadores, devemos ter as duas visões (obter resultados e obter resultados de qualidade e reprodutíveis) quando planejamos nossos projetos atuais. E, assim, estaremos poupando tempo, trabalho e recursos financeiros que seriam usados na repetição de experimentos”, ela destaca.
Os temas abordados nas palestras foram de grande aprendizado, na opinião da professora, por terem sido abordados a partir de uma perspectiva não cotidiana: “Usualmente, os pesquisadores têm como foco a obtenção dos resultados de suas pesquisas. E o foco dos palestrantes do seminário foi a qualidade dos resultados obtidos nas pesquisas, visando a obedecer normas regulatórias e levar o produto da bancada para o mercado, sem repetições de experimentos”.
Empreendedorismo na comunidade científica
O evento abordou tópicos fundamentais para o avanço da pesquisa translacional e da inovação no Brasil. Durante a manhã, os participantes discutiram a gestão da qualidade em laboratórios de pesquisa, com palestras sobre desafios na implementação de boas práticas laboratoriais, qualidade no desenvolvimento de radiofármacos e investigação biológica em animais de laboratório.
À tarde, o foco foi nas práticas clínicas e no empreendedorismo, destacando aspectos essenciais da pesquisa clínica, responsabilidades na condução de estudos e oportunidades de inovação dentro da universidade. O seminário foi encerrado com um debate sobre o programa PIPE-FAPESP, por meio do qual a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) financia pesquisas inovadoras com potencial de mercado.
“A inovação em Saúde é um grande desafio, pois é fundamental garantir o cumprimento de todos os requisitos regulatórios, já na fase de planejamento de uma pesquisa”, pontua a Dra. Maria Carolina Santos Mendes, nutricionista, professora colaboradora da Unicamp, pós-doutoranda em Gestão da Pesquisa – Inovação e pesquisadora associada no CancerThera. Ela complementa: “Discutir a gestão da qualidade desde a etapa básica, passando pela pré-clínica, até a pesquisa clínica é de extrema importância. Para que a inovação aconteça, a pesquisa precisa sair da bancada e efetivamente chegar ao mercado”.

Corbi acredita que os pesquisadores estão cada vez mais abertos a empreender, mas salienta que essa nova atitude faz parte de um processo que depende da mudança na formação de pesquisadores, com a inclusão de cursos de gestão empresarial e ferramentas do mundo corporativo. “O pesquisador precisará se preparar tanto do ponto de vista técnico científico quanto empresarial”, ele diz.
Ainda em relação ao empreendedorismo acadêmico, Mendes destaca a existência da Agência de Inovação da Unicamp, a Inova, com a qual a área de Inovação do CancerThera pode sempre contar. “Conhecer e divulgar suas iniciativas, como as disciplinas de empreendedorismo, além de aprofundar o entendimento sobre a Política Institucional de Inovação da Unicamp, foi essencial para pensar em nosso público-alvo para esse evento”, afirma.
Com o sucesso dessa edição, a expectativa é que novos encontros sejam organizados para aprofundar ainda mais as discussões sobre inovação na pesquisa em Química, Oncologia, Medicina Nuclear e na área biomédica como um todo. “Temas como desenvolvimento de patentes, startups e aspectos éticos da pesquisa devem ser abordados no segundo seminário. Penso que, além disso, os temas já abordados na primeira edição podem ser vistos de forma prática, com discussão de projetos dos próprios pesquisadores”, explica Lima. Ainda segundo a professora, outro ponto que merecerá destaque em novos diálogos no futuro será “como alinhar os interesses dos pesquisadores com os interesses das empresas para que as patentes produzidas ‘saiam das prateleiras’ das agências de inovação e cheguem ao paciente, que é o objetivo maior dos pesquisadores que atuam na área de Saúde”.

Palestrantes que participaram presencial e remotamente









Para aqueles que não puderam acompanhar ao vivo, o conteúdo do evento continua disponível no YouTube, servindo como uma referência para estudantes, pesquisadores e profissionais da área da Saúde interessados em inovação e gestão da qualidade.
Assista ao vídeo abaixo e acompanhe a programação neste link.
Texto e fotos: Romulo Santana Osthues com colaboração de Carmen S. P. Lima