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Pesquisadores do CEPID CancerThera vivenciam troca cultural e científica em Cuba durante congresso de Química

Três alunos de mestrado e doutorado do Instituto de Química da Unicamp (IQ/Unicamp), acompanhados por seu orientador, o Prof. Dr. Pedro Paulo Corbi, pesquisador principal no CEPID CancerThera, embarcaram em uma jornada acadêmica para Havana, Cuba, com o objetivo de participar da IX Conferência Latinoamericana de Química Inorgânica Biológica (Labic, sigla em inglês), evento integrado ao XI Congresso Internacional de Química, Bioquímica e Engenharia Química (Quimicuba 2024), programado para ser realizado entre 4 e 8 de novembro.

Os mestrandos Francisco Mastrobuono Cordeiro de Almeida e Maria Paula Dias Carneiro Miguel e a doutoranda Gabriele de Menezzes Pereira viajaram a Havana para apresentar trabalhos de pesquisa desenvolvidos no âmbito do CEPID CancerThera. Entre os trabalhos, estavam estudos sobre complexos metálicos com potenciais aplicações antitumorais e antimicrobianas.

Além da troca de experiências com outros congressistas, resultando na aquisição de conhecimento científico e cultural, Corbi explica que a participação de jovens pesquisadores em eventos internacionais como a Labic é fundamental para a sequência de suas carreiras acadêmicas. “Nesses espaços, os estudantes podem conhecer pessoalmente grandes nomes da ciência, como o Prof. Dr. Peter Agre – prêmio Nobel de Química –, que recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Havana na abertura do congresso“, diz o orientador do trio, que reforça: “Quando se tornarem professores, poderão transmitir esse conhecimento para as futuras gerações”.

Infelizmente, o evento teve de ser cancelado a partir do terceiro dia devido à passagem do furacão Rafael, que danificou casas, derrubou árvores e afetou a rede elétrica do país. As apresentações dos trabalhos dos pesquisadores estava agendada para o dia 7.

Universidade de Havana: patrimônio histórico e cultural

Da esquerda para a direita: Francisco Almeida, Pedro Corbi, Maria Paula Miguel e Gabriele Pereira em frente ao prédio da reitoria da Universidade de Havana.

Mesmo com o cancelamento do evento, a viagem proporcionou intercâmbio cultural e científico entre os integrantes da caravana brasileira e os pesquisadores locais. Francisco Almeida, nesse sentido, destaca que “conhecer a Universidade de Havana e suas estruturas belíssimas foi uma experiência sem igual”. Ele ressalta: “a pesquisa como um todo depende muito do local em que é desenvolvida, portanto, ao conhecer a universidade, pude perceber por que a ciência cubana é magnífica e como a educação é valorizada no país”.

A visita à Universidade de Havana, instituição cuja fundação foi reconhecida em 1728, foi unanimemente citada como o ponto alto da viagem pelos alunos do IQ/Unicamp. Gabriele Pereira sublinha a idade da universidade – 296 anos – e diz que “apesar dos recursos limitados, a estrutura e a história da instituição estão completamente preservadas”.

E Maria Paula Miguel complementa: “Nós, quando pensamos em Cuba, sempre nos remetemos a uma imagem de precariedade e falta de boa infraestrutura, mas, ao conhecer a universidade principal do país, encontramos tudo, menos essa imagem”. Ela ainda salienta a beleza e a conservação das estruturas da universidade, que dispõe de salas confortáveis e adequadas para apresentações e reuniões.

Semelhanças e diferenças científicas entre Brasil e Cuba

A troca cultural também foi uma oportunidade para os visitantes refletirem sobre as semelhanças e diferenças das condições de pesquisa entre os países. Pereira destaca a diferença no funcionamento científico e a colaboração internacional como um aspecto fundamental para o avanço da ciência cubana. “No Brasil, dispomos de recursos e equipamentos de ponta, enquanto a ciência é realizada com os insumos disponíveis em Cuba, muitas vezes, contando com a colaboração de pesquisadores externos”, ela diz. E Almeida acrescenta que ambos os países compartilham a educação como pontos fortes, apesar da baixa valorização por aqui.

Maria Paula, por sua vez, ressaltou as semelhantes resiliência, garra e determinação dos pesquisadores cubanos e brasileiros: “Cuba passa por problemas financeiros, contudo, é notável que o país investe muito em educação e pesquisa científica. Muitos pesquisadores cubanos possuem experiência internacional, e escrevem trabalhos com bom repertório científico. No Brasil, nem sempre temos acesso à melhor infraestrutura para nossa pesquisa, porém, mesmo assim, lutamos para entregar o melhor trabalho – algo que percebi nos pesquisadores cubanos também”.

“Os estudantes puderam notar a presença de pesquisadores de vários países e de diferentes culturas reunidos no mesmo espaço, debatendo ideias e gerando novos conhecimentos, o que mostra que a ciência supera as diferenças e abre espaço para um bem comum”, diz Pedro Corbi. O pesquisador também faz referência positiva à equipe de organização da Labic: “O empenho e a dedicação dos pesquisadores cubanos, jovens ou mais experientes, em organizar um evento dessa magnitude, apesar das dificuldades estruturais enfrentadas por eles, também merece destaque”.

Veja algumas fotos produzidas pelos pesquisadores em suas visitas à Universidade de Havana:


Texto: Romulo Santana Osthues | Fotos: Acervo pessoal

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