A Agência de Inovação da Universidade Estadual de Campinas (Inova Unicamp) promoveu, em 21 de outubro, a oficina “Busca de anterioridade em bases de patentes”, voltada à comunidade do CEPID CancerThera e demais interessados. Realizada no Anfiteatro da Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, a atividade reuniu mais de 30 participantes – entre alunos, docentes e pesquisadores – com o objetivo de fortalecer a cultura de inovação e difundir conhecimentos sobre propriedade intelectual e uso estratégico de bases patentárias.
Conduzida pelos analistas de propriedade intelectual da Inova Unicamp, o Dr. Bread Leandro Gomes da Cruz e a Ma. Isabela Lima Braz Guedes, a oficina foi estruturada em duas etapas: uma parte conceitual, voltada à compreensão dos fundamentos da propriedade intelectual, e uma parte prática, dedicada ao uso de ferramentas como Orbit, Lens, Google Patents e a base do Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

A busca de anterioridade como estratégia
Durante a introdução, os ministrantes explicaram o que é uma patente e outras formas de proteção de uma invenção, como programas de computador, cultivares, desenhos industriais e know-how, destacando o que pode e o que não pode ser protegido.
“A busca de anterioridade é uma ferramenta estratégica indispensável para impulsionar a inovação e a aplicabilidade prática das pesquisas do CancerThera”, destaca Cruz, que é biólogo e já atuou no Laboratório de Nutrição e Câncer do Instituto de Biologia da Unicamp. “Ao mapear o estado da técnica e as soluções já existentes, a equipe do CancerThera pode identificar precisamente onde o conhecimento atual é limitado ou onde há problemas ainda não resolvidos. Isso direciona a pesquisa para áreas de real inovação, evitando a duplicação de esforços e recursos”, completa.
“Os profissionais da Inova Unicamp contribuem com a formação de nossos pesquisadores, para que tenham a inovação como foco no desenvolvimento de projetos e produtos, e este é um olhar bastante desejável – embora incomum entre pesquisadores universitários”, pontua a Dra. Carmen Silvia Passos Lima, médica hematologista e oncologista, professora da FCM/Unicamp, pesquisadora principal e coordenadora da área de Inovação no CancerThera.
Ela também menciona o papel fundamental da Agência no depósito de patentes para o desenvolvimento de produtos de alto potencial de inovação que estejam sendo conduzidos no centro, bem como a transferência dessas tecnologias para o mercado, colocando pesquisadores do CancerThera em contato com profissionais de indústrias para contratos potenciais.
“A realização desse dia de interação de pesquisadores do nosso centro com profissionais da Inova Unicamp visando à formação na busca de anterioridade de produtos para o depósito de patentes é um bom exemplo das atividades que a Agência promove no âmbito de nossa parceria”, afirma Lima.
A Dra. Maria Carolina dos Santos Mendes, nutricionista e pesquisadora de pós-doutorado em Gestão da Pesquisa – Inovação no CancerThera, destacou a relevância do tema para os integrantes do centro: “Acredito que adquirir conhecimento sobre as diferentes formas de proteção da propriedade intelectual e aprender a realizar buscas de anterioridade relacionadas aos temas das suas pesquisas é um grande diferencial para que possamos desenvolver projetos cada vez mais inovadores”, diz.
Ela ainda reforça a importância de entender quais os limites do que é patenteável: “Muitas vezes, os resultados de pesquisa perdem a possibilidade de proteção patentária por não atenderem ao requisito de novidade. Isso ocorre, em diversos casos, por falta de informação, quando o próprio pesquisador divulga seus resultados previamente em congressos, publicações científicas, dissertações ou teses, o que inviabiliza o patenteamento futuro”.




Uma oficina indispensável
A oficina também foi vista como uma oportunidade para aprimorar a visão estratégica dos pesquisadores do CancerThera quanto à inovação, em seus diversos níveis de titulação e nos variados laboratórios nos quais atuam.
A Dra. Juliana Carron, por exemplo, biomédica e pesquisadora de pós-doutorado no CancerThera, vinculada ao Laboratório de Genética do Câncer da FCM/Unicamp, afirma que ter participado do curso foi enriquecedor. “Foi possível compreender melhor como esse processo pode contribuir diretamente para aumentar o potencial inovador de pesquisas acadêmicas. Esse olhar mais crítico e fundamentado é essencial para gerar resultados realmente originais e com maior possibilidade de aplicação prática”, diz Carron.
Para Fabíola Furtuoso Zarpelão, médica oncologista e mestranda no CancerThera, vinculada ao Laboratório de Oncologia Molecular da FCM/Unicamp, a atividade permitiu que ela se aprofundasse no contexto em que seu projeto de pesquisa se insere: “Considerei importante aprender a compreender o cenário em que o meu projeto se encontra, além de ver o que outros grupos estão estudando no mundo e formas de patentear nossos projetos. Gostei muito de participar”.
“Imagino que a prática leva à perfeição. Então, quanto antes tornarmos isso um hábito, melhor será para as pesquisas e os projetos futuros. Com certeza, uma das melhores e mais esclarecedoras oficinas de que já participei”, avalia Francisco Mastrobuono. C. de Almeida, mestrando no CancerThera, vinculado ao Laboratório de Química Bioinorgânica e Medicinal do Instituto de Química da Unicamp. Ele destacou a parte prática da oficina como um diferencial: “A estratégia de procura da patente com a busca avançada, dando a possibilidade de aplicação de diversos filtros – como data, situação da patente, códigos universais e palavras-chave – foi muito interessante. E, principalmente, a análise desses dados, com geração de gráficos, esquemas e estatísticas que podem ser exportados para apresentações e reuniões”.
A iniciativa reforça o compromisso do CEPID CancerThera com a inovação e a transferência de tecnologia, notadamente quanto ao seu objetivo principal, que é desenvolver novos metalofármacos e metalorradiofármacos para uso nos cuidados com pacientes oncológicos. Para o centro, compreender o panorama global das patentes é essencial não apenas para proteger as descobertas científicas, mas também para garantir que esses produtos e outras soluções correlatas a eles tenham real efetividade.
Como salienta Bread Cruz, “a busca de anterioridade é uma etapa importante no ciclo de inovação e, para o CancerThera, ela atua como norteadora para o desenvolvimento de metalofármacos e metalorradiofármacos com vantagens competitivas claras e um elevado potencial de impactar positivamente o diagnóstico e o tratamento do câncer”.
Texto e fotos: Romulo Santana Osthues








