Skip links

[CancerThera na mídia] Por que precisamos dos Congressos Médicos?

Este texto foi originalmente publicado no portal Hora Campinas em 08/01/2024.

– Por Carmino de Souza

Em outubro de 2023, tivemos o maior congresso de nossa especialidade (Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular) em São Paulo, promovido pela Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), afilhada da Associação Médica Brasileira (AMB). Foi o “Hemo 2023”, com mais de 7300 participantes. Um recorde absoluto. Esse é o terceiro congresso em número de participantes, atrás apenas do americano e do europeu.

Infelizmente, esse ano não pude participar tendo em vista algo maravilhoso que ocorreu em nossa família na Itália, que foi o nascimento de minha terceira neta. Mas, nesse mesmo mês de outubro, participei na Itália do evento SOHO Italy 2023 e do EHOC (Eurasian Onco Hematology Congress) 2023 em Istambul, Turquia.

Assim, posso dizer que voltamos plenamente a organizar e participar de congressos após um longo período de eventos remotos ou híbridos devido à pandemia de Covid-19. Lembrar que o SarsCov2 (o novo coronavírus) continua rondando nossa vida e muitos casos ainda são diagnosticados e exigem sempre cuidados.

Foi a ciência que primeiro me atraiu para os congressos, mas foi a minha comunidade científica e meus colegas que me fizeram voltar e participar sempre. Ano após ano, as salas de sessão passaram lentamente de cheias de desconhecidos a muitos dos meus amigos.

Há mais sorrisos, cumprimentos e acenos quando caminhamos pelo centro de convenções. Muitos mais abraços e conversas de corredor. Mais reuniões dentro da própria reunião, dando caras aos nomes, conquistando conhecidos e futuros colaboradores.

Uma rede diversificada de pessoas com diferentes conjuntos de habilidades e perspectivas fazem muito mais por nós do que qualquer outro fator, e “enviar mensagem para um amigo” tornou-se uma ferramenta importante para usar em momentos de necessidade profissional (e também pessoal).

As Sessões Plenárias e de Pôsteres são lugares favoritos para encontrar jovens cientistas e profissionais promissores (que garantirão o futuro de nossa especialidade), conexão com orientadores e mentores e de apoio aos jovens pesquisadores.

Por mais entusiasmado que esteja com as novas tecnologias e fármacos que nos permitem obter mais dados clínicos, terapêuticos e biológicos para diagnósticos clínicos e tratamento, utilizar a tecnologia para aproveitar ao máximo os dados que já temos é uma vantagem para a otimização de recursos.

Por mais que precisemos nos ater a categorias para organizar a reunião, há tanta sobreposição de mecanismos, metodologias, doenças e resultados em hematologia que estaremos sempre surpresos com o quanto podemos aprender nos lugares mais inesperados. Importante é mesmo olhar além do seu nicho. Cuidar dos outros significa cuidar uns dos outros também.

Vamos aprender e praticar a melhor forma de apoiar uns aos outros em nosso programa de equidade, diversidade e essencialidade. Projetos, estudos, protocolos irão e virão, mas as pessoas permanecerão. Nos congressos, encontramos nosso público, expandimos nossa rede de colaboração e amizade e saímos de nossa zona de conforto.

Apenas como exemplo, nesse nosso evento, distribuímos 1500 exemplares do livro 20 anos da Associação ítalo brasileiro de hematologia – AIBE, que conta um pouco da extensa e vitoriosa cooperação entre o Brasil e a Itália na Hematologia, particularmente, na Onco-Hematologia. Nesse livro, os jovens poderão entender como se pode construir uma rede de colaboração estável, produtiva e de grande afeto e amizade.

Os vários eventos científicos foram as bases para construirmos essa cooperação com a Itália como com vários outros países. Os encontros da AIBE são anuais, alternando o Brasil e a Itália. Quanto fizemos e ainda temos a fazer! Este breve relato visa a trazer ao conhecimento de todos que voltamos a nos encontrar e estabelecer relações profissionais e humanas em nossos eventos e congressos. Vamos torcer para que assim continue em 2024 e adiante.

São nesses encontros que criamos oportunidades, projetos, onde os jovens conhecem os “livros vivos”, onde as discussões e ideias florescem, enfim, onde podemos avançar na obtenção do conhecimento e oferecer à nossa sociedade sempre o melhor para sua saúde e seu bem-estar.

Como dito curiosamente e assertivamente por nossa colega Juliana Perez Boreto em um editorial para a ASH News Daily (jornal diário da Associação Americana de Hematologia), nesses encontros da Hematologia é “onde a ciência encontra a sanguinidade”, fazendo alusão a nossa especialidade que cuida do sangue (Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular).

Continuemos com esta “sanguinidade” em favor da sociedade. Gostei muito desta comparação, pois, afinal, sangue é vida, força e vitalidade.

>>> Carmino Antônio de Souza é professor titular da Unicamp. Foi secretário de saúde do estado de São Paulo na década de 1990 (1993-1994), da cidade de Campinas entre 2013 e 2020 e Secretário-executivo da secretaria extraordinária de ciência, pesquisa e desenvolvimento em saúde do governo do estado de São Paulo em 2022. Diretor Científico da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH). Atual presidente do Conselho de Curadores da Fundação Butantan e pesquisador responsável pelo CEPID CancerThera.

Este website utiliza cookies para aprimorar a experiência
Veja nossa Política de Privacidade para saber mais.
CancerThera
Arraste!