Em parceria com o CEPID CancerThera, o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp inaugurou, em 3 de junho, uma Radiofarmácia Clínica no Serviço de Medicina Nuclear (SMN) do hospital. A estrutura, que está instalada no segundo andar, inclui equipamentos de segurança e de controle de qualidade para a produção de radiofármacos destinados a diferentes tipos de câncer e outras condições médicas.

A iniciativa, além de beneficiar os pacientes atendidos pela equipe do SMN/HC/Unicamp, “tornou o local um modelo nacional, capacitado a operar de acordo com todas as exigências regulatórias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), o que permitirá a marcação dos mais diversos radiofármacos que serão usados nas pesquisas clínicas do CancerThera”, explica a Profa. Dra. Bárbara Juarez Amorim, médica nuclear, coordenadora do SMN/HC/Unicamp e pesquisadora associada do CancerThera.

O SMN presta assistência aos pacientes do HC/Unicamp assim como atua nas pesquisas clínicas do CancerThera, promovendo ações educacionais para uma série de profissionais, como radiofarmacêuticos, físicos médicos, médicos nucleares, biomédicos etc.

Uma iniciativa para o desenvolvimento nacional

A reforma do espaço que abriga a Radiofarmácia Clínica foi viabilizada com recursos da FAPESP e a aquisição de alguns dos equipamentos instalados é resultado de um projeto financiado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da Organização das Nações Unidas (ONU), liderado pela Profa. Dra. Elba Etchebehere e pelo Prof. Dr. Allan Santos, médicos nucleares e, respectivamente, pesquisadora principal e pesquisador associado do CancerThera.

O projeto submetido à AIEA/ONU buscava oferecer soluções a problemas enfrentados pelo Brasil na área da Medicina Nuclear, como o desabastecimento de radiofármacos, a limitação da Unicamp no acesso a alguns tipos e a falta de radiofarmacêuticos qualificados para o manuseio. Consequentemente, o ensino na área da saúde fica incompleto e os pacientes são prejudicados, pois não recebem diagnósticos e tratamentos adequados, aumentando o custo para a saúde pública.

No escopo do projeto financiado pela AIEA/ONU, serão produzidos novos radiofármacos para suprir diferentes áreas, como Oncologia, Infectologia, Cardiologia, Pneumologia, Neurologia, Ortopedia, Uro-oncologia, Mastologia, Pelve Feminina, Nefrologia, Endocrinologia, Gastroenterologia, entre outras. Em termos de ensino, a implementação da Radiofarmácia Clínica é também uma conquista do Centro Nacional de Ensino e Treinamento em Radiofarmácia em Medicina Nuclear cuja aprendizagem em formato de residência é um modelo único no País e na América Latina, fazendo da Unicamp uma universidade pioneira nesse campo.

“Este marco é apenas o começo. Os consumíveis [materiais radioativos com finalidade diagnóstica e terapêutica] chegarão em dois meses, e iniciaremos o treinamento dos alunos em 2025. Viabilizando esse, estamos abrindo outras portas para projetos financiados pela ONU. Acredito que a Unicamp está dando mais um grande passo nessa direção”, diz Etchebehere, que também ressalta o valor da viabilização da Radiofarmácia Clínica para o desenvolvimento nacional quanto à produção científica e tecnológica.

Para o segundo semestre, estão planejados a expansão da Radiofarmácia com a criação de um quarto terapêutico e a aquisição de um SPECT/CT avançado. Já para o próximo ano, estão previstos a inauguração da nova área de Medicina Nuclear do HC/Unicamp e o início da residência em Radiofarmácia.