
Em 17 de setembro, Maria Eduarda de Oliveira Amaro Santos (foto ao lado), técnica de laboratório vinculada ao CEPID CancerThera, apresentou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no 8º AFM Workshop, evento realizado pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
Visando a promover uma introdução às técnicas de microscopias de varredura por sonda, suas diferentes aplicações, bem como o estado da arte da tecnologia nessa área, as temáticas e apresentações do evento foram organizadas por profissionais do Laboratório de Microscopia de Força Atômica (MFA), do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) e por outros pesquisadores e técnicos do CNPEM e convidados.
A pesquisa que resultou no TCC de Santos foi desenvolvida em colaboração com o CNPEM, refletindo não apenas sua trajetória acadêmica, mas também a importância da integração entre instituições para a formação de novos talentos científicos, potencializando o aprendizado prático, a inovação e a pesquisa de impacto para a sociedade.
Para sua supervisora, a Dra. Carmen Silvia Passos de Lima, médica oncologista e hematologista e pesquisadora principal no CancerThera, essa cooperação interinstitucional tem papel estratégico. “O CancerThera contribui de forma substancial com a formação de jovens pesquisadores. No caso de Santos, ela vem obtendo conhecimentos sobre técnicas laboratoriais em cultura de células e métodos moleculares, com boas práticas em pesquisa, no Laboratório de Genética do Câncer [Lageca], no qual está locada”, destaca Lima.
Atualmente, no Lageca, laboratório da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Santos colabora em projetos que avaliam novos metalorradiofármacos para aplicações diagnósticas e terapêuticas em Oncologia. Ela realiza extrações de DNA, RNA, síntese de cDNA, expressão gênica, genotipagem e outros experimentos relacionados.
Relação duradoura com perspectivas para o futuro
A relação de Santos com o CNPEM começou ainda no ensino médio, quando participou do programa Futuras Cientistas, realizado pela Ilum – Escola de Ciência. Foi ali que ela entrou em contato com a nanotecnologia e teve a primeira vivência em um ambiente de pesquisa avançada. “A experiência que vivi lá foi muito frutífera, conheci a nanotecnologia, tive acesso a vários equipamentos e fiz muitas amizades. A partir dela, fui motivada a realizar meu TCC”, relembra.
Seu TCC explorou a “síntese verde” de nanopartículas a partir de subprodutos da indústria alimentícia, como casca de alho e folhas de batata-doce, ricos em compostos bioativos com potencial antimicrobiano. “A síntese química das nanopartículas é prejudicial para o nosso organismo. Então, surgiu a ideia da síntese verde, por meio da qual reaproveitei esses subprodutos para sintetizar nanopartículas de uma maneira não danosa ao organismo e menos agressiva ao meio ambiente”, explica.
Os resultados foram promissores. As nanopartículas apresentaram tamanho de 10 a 15 nanômetros e formato esférico, características que aumentam a superfície de contato e potencializam o efeito antimicrobiano. “Quanto menor e mais esférica ela for, maior será sua superfície de contato, sendo assim, melhor será seu desempenho”, ressalta Santos.
Embora tenha sido concebido no contexto da conservação de alimentos, o estudo abre portas para aplicações mais amplas, inclusive no campo da saúde. “No próprio CancerThera, algumas das pesquisas já trabalham com nanopartículas para encapsular compostos e torná-los carregadores mais eficazes para as células-alvo. A nanopartícula sintetizada pelo método verde poderia, sim, ser aplicada nessas condições, trazendo vantagens, como, por exemplo, o fato de não ser tóxica ou reativa”, projeta a pesquisadora.
Texto: Romulo Santana Osthues | Fotos: Acervo pessoal da pesquisadora